Capítulo 12 – Perfeição da generosidade#
Em relação à explicação detalhada dos seis ramos (da bodi-tchita da aplicação), o primeiro é a perfeição da generosidade. Seu resumo é:
Contemplação sobre falhas (de não ter)
e os seus benefícios, constituição, tipos,
características de cada tipo, como expandir,
como torná-la pura e resultado. Estes sete pontos
resumem a perfeição da generosidade.
1. Contemplação sobre falhas e benefícios#
Sobre o primeiro ponto (refletir sobre as falhas da ausência de generosidade e os seus benefícios), a pessoa sem generosidade sofre constantemente na miséria, provavelmente nascerá como fantasma faminto e, mesmo que tenha nascimentos superiores como o humano, será arruinada por pobreza. Nesse sentido, o Sumário da Perfeição da Sabedoria menciona:
Pessoas avarentas nascem como fantasmas famintos.
Contudo, caso nasçam humanas, serão pobres.
Nas Escrituras do Vinaya, também há a seguinte menção, entre as respostas de um fantasma faminto para Shrona:
“Nós que nutríamos a miséria da avareza
não fizemos nem a menor doação.
Assim, terminamos no mundo dos fantasmas famintos.”
Além disso, alguém sem generosidade não consegue ajudar outros seres e não realiza a iluminação. Por isso, é dito (na mesma escritura):
Sem familiaridade com a doação,
não há prosperidade e nenhuma maneira
de atrair seres (para o Dharma).
Não é preciso nem mencionar que
a iluminação não será realizada.
O oposto disso é que pessoas generosas, em todas as vidas, desfrutam de bens e obtêm conforto. Sobre isso, o Sumário da Perfeição da Sabedoria afirma:
A generosidade bodisatva extirpa a possibilidade
de nascer como fantasma faminto ou na pobreza,
assim como todas as aflições,
e amadurece como a obtenção
de prosperidade ampla e ilimitada.
E Carta a um Amigo menciona:
Pratique corretamente a generosidade.
Para vidas futuras, não há melhor amizade do que essa.
Introdução à Madhyamaka também diz:
Todos essas pessoas claramente desejam felicidade.
Sem bens materiais, não há conforto para as pessoas.
Sabendo que bens surgem da generosidade,
o Sábio primeiro deu conselhos sobre doar.
Além do mais, com a generosidade, há o poder de beneficiar outros seres. Pessoas atraídas pela generosidade podem ser guiadas ao Dharma sublime. Sobre isso, é dito (Sumário da Perfeição da Sabedoria):
Através da generosidade, seres em sofrimento podem ser amadurecidos completamente.
Com a generosidade, também é mais fácil realizar a iluminação insuperável. Sobre isso, a Coleção de Escrituras de Bodisatvas menciona:
Praticando generosidade, encontrar a iluminação
não é difícil.
E o Sutra da Nuvem de Joias afirma:
A generosidade é a iluminação de uma pessoa bodisatva.
O Sutra Solicitado Pelo Leigo Ugra também menciona as qualidades da generosidade e as falhas de sua ausência, alternadamente, entre mais passagens:
O que eu dou é meu, o que tenho em casa não é meu. O que eu dou tem importância, o que tenho em casa não tem importância. O que eu dou não requer proteção, o que tenho em casa requer proteção. O que eu dou não provoca medo, o que tenho em casa traz medo. O que eu dou abre perfeitamente o caminho da iluminação, o que tenho em casa me aproxima de condições obstrutoras. O que eu dou se torna ampla prosperidade, o que tenho em casa não se transforma em muitos bens. O que eu dou possibilita riqueza inexaurível, o que tenho em casa se extingue.
2. Essência da generosidade#
A essência da generosidade se refere a doar inteiramente, com uma mente sem apego. Sobre isso, o texto Níveis Bodisatva diz:
“Qual é a essência da generosidade?” É o ato de dar completamente algo, com a motivação de uma intenção que coincide com o desapego.
3. Constituição#
Há três tipos: generosidade de bens materiais, de extinguir o medo e a generosidade do Dharma. Doar bens materiais leva estabilidade à existência física de outros seres. A generosidade de extinguir o medo leva segurança à vida alheia. Doar o Dharma torna estável a mente de outros seres.
Os dois primeiros tipos realizam o conforto nesta vida para outros seres. Já a generosidade do Dharma realiza seu bem-estar em vidas futuras.
4. Características de cada tipo#
A seguir serão explicadas as características de cada tipo de generosidade.
Generosidade de bens materiais#
O primeiro tipo se divide em dois tipos de generosidade: impura e pura. A primeira deve ser abandonada, a segunda precisa ser praticada.
Generosidade impura#
Há quatro aspectos na generosidade impura: intenção, objetos, destinatários e métodos.
Intenção impura
A intenção impura pode ser perversa ou inferior. A intenção perversa é fazer uma doação para prejudicar outra pessoa, obter fama nesta vida ou para competir com outras pessoas. Bodisatvas devem abandonar essas três intenções, assim como é dito em Níveis Bodisatva:
Bodisatvas não fazem doações com o objetivo de
matar outros seres, amarrá-los, puni-los, prendê-los
ou bani-los.
Também diz:
Bodisatvas não fazem doações para obterem fama ou serem aclamadas.
E afirma:
Bodisatvas não fazem doações para competir com outras pessoas.
Já a intenção inferior é praticar a generosidade devido ao temor de se tornar pobre em vidas futuras, ou ao desejo pelas riquezas divinas ou humanas.
Bodisatvas não devem cultivar essas duas intenções, assim como é dito (no mesmo texto):
Bodisatvas não fazem doações temendo se tornar pobres.
E também:
Bodisatvas não fazem doações para se associar com Indra, um tchakravartin ou Ishvara.
Objetos impuros
Outros tipos de generosidade impura a serem abandonados são mencionados em Níveis Bodisatva. Resumindo seu significado, abandonar um objeto impuro de doação é: bodisatvas não fazem doações de coisas que vão prejudicar o receptor ou outros seres — como veneno, fogo ou armas1; também não doam para quem pede coisas como armadilhas ou meios de caça, ou qualquer coisa que cause dano ou sofrimento; não doam a mãe e o pai, nem os penhoram; não oferecem crianças, cônjuges ou outras pessoas contra sua vontade para quem as deseja; se possuem muitos bens, bodisatvas não doam pouco; e bens acumulados por outra pessoa não devem ser doados.
Destinatários impuros
Abandonar (a generosidade para) destinatários impuros é: mesmo que divindades e maras2 com intenção prejudicial peçam que doe seu corpo, você não dá nem o corpo nem corta partes dele.
O corpo também não é oferecido para seres sob a influência de maras, pessoas insanas ou enlouquecidas — aquilo que elas desejam não é real, seus pensamentos não são delas e aquilo que dizem não têm sentido. Comida e bebida não devem ser dadas para quem já tem saciedade.
Métodos impuros
Abandonar métodos impuros (de generosidade) se refere a: não fazer doações com insatisfação, raiva e perturbação; com desprezo e falta de respeito por quem está na miséria; ou com uma atitude que deprecia, intimida ou humilha quem pede.
Generosidade pura#
A prática pura da generosidade tem três aspectos: objetos, destinatários e métodos.
Objetos
Há objetos internos e externos. O__bjetos intern__o__s se referem ao próprio corpo. Sobre isso, o Sutra Solicitado por Narayana afirma, entre mais menções:
Se possuir, dê uma mão para quem pede uma mão, uma perna para quem pede uma perna, um olho para quem pede um olho, a carne para quem pede carne, e sangue para quem pede sangue.
No entanto, bodisatvas iniciantes que ainda não realizaram a igualdade entre eu e outro, doam o corpo inteiro e não em partes3. Sobre isso, Engajamento na Ação Bodisatva menciona:
Sem uma intenção pura de compaixão,
não sacrifique esse corpo.
Se não, estará entregando a causa da realização
de grandes benefícios nesta e em outras vidas.
Objetos externos_ (de generosidade) são: comida, bebida, roupas, montaria, filhos4, cônjuge etc; ou qualquer coisa que esteja de acordo com o Dharma. Sobre isso, o Sutra Solicitado por Narayana diz, entre mais menções:
Objetos externos são os seguintes: riquezas, grãos, prata, ouro, joias, ornamentos, cavalos, elefantes, filhos, filhas...
Além do mais, para pessoas bodisatvas leigas, qualquer objeto interno ou externo pode ser doado. O Ornamento dos Sutras Mahayana diz:
Não há nada que bodisatvas não possam dar aos outros — o corpo, bens etc.
Já para bodisatvas com ordenação monástica, com a exceção das três vestes, tudo pode ser doado. Sobre isso, Engajamento na Ação Bodisatva afirma:
Doe tudo, menos as três vestes.
Se as três vestes forem doadas, o benefício alheio pode degenerar.
Destinatários
Há quatro tipos de destinatários da generosidade pura: aqueles que se distinguem pelas qualidades (mestre, Três Joias etc), que se distinguem pela ajuda (mãe, pai etc), que se distinguem pelo sofrimento (doentes, desabrigados etc) e aqueles que se distinguem pelos malefícios (pessoas inimigas etc). Sobre isso, Engajamento na Ação Bodisatva diz, entre mais menções:
Há muita virtude em atos direcionados
aos destinatários com qualidades,
com benefícios e de sofrimento...
Métodos
Sobre os métodos para praticar a generosidade, a motivação deve ser excelente, assim como o ato. A motivação é fazer a doação para a realização da iluminação e para o benefício de seres sencientes, com uma intenção compassiva. Sobre o ato, que é a doação feita de modo excelente, Níveis Bodisatva afirma:
Bodisatvas praticam generosidade com disposição, respeito, dando com a própria mão, no tempo certo e sem prejudicar outros seres.
O primeiro aspecto (“com disposição”) é ter contentamento nos três tempos: antes da doação, há uma mente alegre; durante, há sincero deleite; depois, não há arrependimento. “Respeito” é doar com reverência. “Dando com a própria mão” é não incumbir a doação a outra pessoa. “No tempo certo” é doar quando a doação tiver sido adquirida. “Sem prejudicar outros seres” é não causar danos ao redor e aos destinatários — ou seja, mesmo que o objeto seja seu, se isso causar lágrimas entre quem ajudou na obtenção, não deve ser doado.
Além disso, a Compilação do Abidharma diz:
(...) isso se refere a doar de novo, doar sem parcialidade e doar para realizar desejos completamente.
Nesta citação, “doar de novo” é uma qualidade de quem doa, fazendo isso repetidamente. “Doar sem parcialidade” se refere a um aspecto dos destinatários: a doação é feita sem preferências por eles. “Doar para realizar desejos completamente” é uma qualidade da oferenda: é doado aquilo que está de acordo com o desejo do destinatário.
Isto conclui a explicação da generosidade de bens materiais.
Generosidade de extinguir o medo#
A “doação de destemor” é proteger seres aterrorizados por ladrões, animais selvagens, doenças, enchentes etc5. Sobre isso, Níveis Bodisatva diz:
A doação de destemor deve ser compreendida como dar proteção completa a seres aterrorizados por leões, tigres, animais aquáticos, reis, ladrões, enchentes etc.
Isto conclui a explicação sobre a generosidade de extinguir o medo.
Generosidade do Dharma#
Há quatro aspectos na generosidade do Dharma: destinatário da doação, intenção, o Dharma em si e maneira de ensinar.
Destinatário da doação#
Sobre o destinatário, a doação é feita para pessoas que aspiram pelo Dharma, que respeitam tanto o ensinamento quanto quem o professa.
Intenção#
As intenções inferiores são abandonadas e nos baseamos nas que são excelentes. O abandono de intenções inferiores é ensinar o Dharma livre da atitude que busca honrarias, elogios, fama e ganhos materiais. Sobre isso, o Sumário da Perfeição da Sabedoria afirma:
Sem preocupações materiais, o Dharma então é ensinado aos seres.
E o Sutra Solicitado por Kashyapa diz:
O Vitorioso recomenda como sendo sublime a generosidade do Dharma com uma mente pura, sem preocupações materiais.
Basear-se em uma intenção excelente é ensinar o Dharma com uma motivação de compaixão. Sobre isso, o Sumário da Perfeição da Sabedoria menciona:
Para extinguir o sofrimento, o Dharma é oferecido ao mundo.
Dharma em si#
O Dharma em si (que é doado) é o ensino do significado dos sutras e tudo mais, sem erro e sem distorção6. O texto Níveis Bodisatva afirma:
A generosidade do Dharma é apresentar o ensinamento sem distorção, de modo coerente, induzindo a compreensão perfeita da base fundamental da prática.
Maneira de ensinar#
Sobre a maneira de ensinar o Dharma, não explique o ensinamento imediatamente a quem solicitou. O Sutra de Tchandraprabha ensina:
Caso solicitem a você
a doação do Dharma,
primeiro diga o seguinte:
“Eu não estudei extensivamente.”
E também:
Não ensine imediatamente,
o recipiente deve ser examinado.
Caso venha a conhecê-lo bem,
ensine mesmo sem solicitação.
Então, na ocasião de ensinar o Dharma, faça isso em um lugar limpo e agradável, como diz o Lótus Branco do Dharma Sagrado:
Em um local limpo e agradável,
prepare adequadamente um assento amplo.
Aí, ensine sentada em um trono do Dharma, como é dito (no Sutra Rei do Samadhi):
Sentado adequadamente em um trono
do Dharma elevado, arranjado apropriadamente,
com diversos tecidos coloridos...
Ensine o Dharma com uma conduta cuidadosa, após ter se lavado e se vestido de modo correto e limpo. Sobre isso, o Sutra Solicitado por Sagaramati afirma:
Quem professa o Dharma deve fazer isso com asseio, comportamento cuidadoso, deve se lavar e vestir-se corretamente.
Assim, quando os ouvintes estiverem sentados e o professor estiver no trono, antes deve ser recitado o mantra que destrói o poder de maras, para que obstáculos não prejudiquem, como ensina o Sutra Solicitado por Sagaramati:
É assim: tatyathā śame śamevati śametaśatruṁ aṁkure maṁkure mārajite karoṭe keyūre tejovati oloyani viśuddha nirmale malāpanaye khukhure khakha grasane omukhi paraṁukhi amukhi śamitvani sarvagraha bhandhanāne nigrihitva sarvapārapravādina vimukta mārapāśa sthāpitva buddhamudra anuṅgarirva sarva mare pucari tapari śuddhe vigacchantu sarvamāra karmaṇi. (“Dessa maneira, sejam extintos! Todos os inimigos sejam extintos para o meu propósito! Quaisquer que sejam as forças do mal em mim, sejam derrotadas! Faça isso de modo que, quando eu vencer, todo o puro esplendor se dissolva em mim, completamente purificado. Aceite toda esta comida e bebida pacificamente, apreciem e se satisfaçam, para que todos obstáculos sejam destruídos. Que haja libertação de todos os obstáculos, todos os obstáculos em geral. Maras são derrotados por este gesto do Buda. Ao recitar este mantra, que todos os maras sejam purificados. Como resultado, que todos os maras sejam derrotados.”)7
Sagaramati, se as palavras deste mantra forem recitadas antes de uma palestra do Dharma, em um raio de 100 yojanas_8,_ divindades obstrutoras não virão prejudicar, e as que vierem não conseguirão criar obstáculos.
Então, o Dharma deve ser explicado com coerência, clareza e na medida certa.
Isto conclui a explicação da generosidade do Dharma.
5. Como expandir a generosidade#
Sobre como multiplicar, mesmo que essas três generosidades sejam pequenas, há meios para expandi-las, como afirma a Coleção de Escrituras de Bodisatvas:
Shariputra, bodisatvas com habilidade transformam uma pequena doação em uma grande. O poder da sabedoria primordial a aumenta, o poder de prajna9 a expande e o poder da dedicação torna-a ilimitada.
“O poder da sabedoria primordial a aumenta”#
Essa frase se refere ao reconhecimento da pureza completa das Três Esferas: o doador é como uma ilusão mágica, a oferenda também, e o recipiente também é como uma ilusão mágica.
“O poder de prajna a expande”#
Para que surja muito mérito da generosidade, o poder de prajna a expande. No início, qualquer que seja a oferenda, ela é feita para levar todos seres sencientes ao nível da budeidade. No meio, não há apego ao objeto doado. No final, não há expectativa sobre o amadurecimento kármico disso. Caso seja praticada assim, a expansão do mérito da generosidade é obtida. O Sumário da Perfeição da Sabedoria também diz:
Ao praticar, não se fixe
na generosidade como algo sólido,
e jamais alimente expectativas
sobre seus resultados kármicos.
Dessa maneira, a pessoa instruída sempre doa,
e uma doação pequena se torna vasta e ilimitada.
“O poder da dedicação torna-a ilimitada”#
Essa frase significa que, caso tais doações sejam dedicadas para a iluminação insuperável de todos seres sencientes, elas se tornam ilimitadas. Nesse sentido, o texto Níveis Bodisatva diz:
Não pratique a generosidade mirando seus resultados, dedique todas as doações para a completa iluminação, perfeita e insuperável.
A dedicação não apenas multiplica a generosidade, mas a torna inesgotável. O eminente Sutra de Akshayamati afirma:
Venerável filho de Sharadvati (Shariputra), por exemplo, se uma única gota cair no imenso oceano, ela não se dissipará até o final desta era. Do mesmo modo, ao dedicar uma virtude fundamental, ela de modo nenhum se dissipará, até que o coração da iluminação seja realizado.
6. Como tornar pura a generosidade#
Sobre tornar pura a generosidade, a Compilação de Todos os Preceitos afirma:
Aplicando a vacuidade cuja essência é compaixão,
o mérito se torna puro.
Quando há realização da vacuidade nessa doação, ela deixa de ser uma causa da existência cíclica e, com compaixão, deixa de ser uma causa para o caminho menor; ela se torna pura, transformando-se exclusivamente em uma causa para o nirvana sem fixação.
Sobre essa realização da vacuidade, o Sutra Solicitado por Ratnatchuda ensina como selar a generosidade com os quatro selos da vacuidade:
Aplicando quatro selos, pratique a generosidade. “Quais são esses quatro?” Internamente, o corpo é selado com vacuidade. Externamente, os bens são selados com vacuidade. A mente, que é o sujeito, é selada com vacuidade. E o Dharma da iluminação é selado com vacuidade. Aplicando estes quatro selos, realize a doação.
Já a generosidade “com compaixão” se refere a doar por não suportar os sofrimentos em geral e específicos dos seres.
7. Resultado da generosidade#
Os resultados devem ser entendidos como absolutos e temporários. O resultado absoluto é a realização da iluminação insuperável, assim como o texto Níveis Bodisatva menciona:
Desse modo, completando inteiramente a perfeição
da generosidade, bodisatvas realizam a budeidade genuína, a iluminação perfeita e insuperável.
O resultado temporário da doação de coisas materiais é que, mesmo sem desejar, haverá prosperidade excelente. Além disso, ao atrair seres através da generosidade, há também a habilidade de conectá-los com a realização sublime. Sobre isso, o Sumário da Perfeição da Sabedoria diz:
A generosidade bodisatva corta a possibilidade de migração para o destino de fantasmas famintos.
Também corta a pobreza e todas as aflições.
Ao praticá-la, prosperidade vasta e ilimitada é obtida.
Através da doação, seres sencientes
que sofrem são amadurecidos.
E Níveis Bodisatva afirma:
Doar comida traz força;
doar roupas, boa aparência;
doar montaria, conforto estável;
oferecer lamparinas traz boa visão.
Ao praticar a generosidade de extinguir o medo, maras e obstáculos não conseguirão prejudicar. Sobre isso, a Guirlanda Preciosa ensina:
Ao doar destemor para quem tem medo,
você não será prejudicada por maras,
tornando-se sublime entre seres fortes.
Ao doar o Dharma, a pessoa rapidamente encontra budas e realiza todas as aspirações. Sobre isso, a Guirlanda Preciosa também diz:
Doações para quem escuta o Dharma
extingue obscurecimentos e, assim,
podemos estar junto de budas,
e as aspirações são rapidamente realizadas.
Este foi o “Capítulo 12 – Perfeição da generosidade”, do Ornamento da Liberação Preciosa, o Dharma Sagrado que é Como Uma Joia que Realiza Desejos.
1 Nota do original tibetano: A Guirlanda Preciosa diz: “Se veneno beneficiar, veneno deve ser doado. Se comida excelente não beneficiar, não deve ser doada. Assim como ter um dedo decepado é benéfico para quem foi picado por uma cobra, o Sábio disse que coisas desconfortáveis podem beneficiar outros seres.”
2 Mara: influência “demoníaca” que causa obstáculos ao caminho espiritual.
3 “Doam o corpo inteiro” no sentido de oferecer sua vida à prática bodisatva, sem sacrificar partes do corpo (como nas histórias de grandes bodisatvas) ou a própria vida.
4 Há milênios na Índia, era comum que parentes fossem entregues para outras pessoas para trabalharem etc. Obviamente, isso não mais se aplica.
5 Uma prática tradicional nesta categoria é salvar vidas de animais.
6 “Sem erro” significa sem enganos não intencionais, “distorção” se refere à adulteração intencional do Dharma.
7 Traduzido da versão em inglês publicada em Jewell Ornament of Liberation (1998).
8 Uma yojana (antiga medida indiana) equivale a 7,5 km.
9 Diferentemente da sabedoria primordial (tib.: ye shes), “prajna” (tib.: shes rab) é o conhecimento sobre a natureza da realidade que pode ser adquirido e cultivado e, no final, revela o aspecto primordial já presente.